Mais de 10.000 migrantes sem documentos, muitos deles haitianos, estavam sendo mantidos sob uma ponte no Texas pelas autoridades migratórias estadunidenses.

O Haiti, a nação mais pobre do Hemisfério Ocidental (fonte: Banco Mundial, 2021), historicamente vivencia uma profunda instabilidade, que se intensificou nas últimas semanas com o assassinato do presidente Jovenel Moïse, a violência de gangues e um grande terremoto em agosto de 2021, somando-se a mais uma catástrofe natural que assola o país. A situação migratória na fronteira do México com os Estados Unidos, ganhou mais um capítulo que tem desdobramentos significativos no êxodo de pessoas do Haiti, e lança mais uma vez um olhar sobre as longas e perigosas jornadas que milhares de homens, mulheres, crianças e idosos haitianos veem realizando pelas Américas nas últimas décadas. Mais do que nunca, a situação migratória destas pessoas se funde com questões políticas e econômicas vivenciadas no Haiti, mas também com as relações internacionais entre os países do continente americano.

Durante o “boom” econômico sul-americano e após o terremoto haitiano de 2010, países como o Chile e o Brasil se tornaram o principal destino para estes migrantes, para além dos destinos tradicionais como a República Dominicana e os Estados Unidos. Porém, um conjunto de fatores, como a crise político-econômica no Brasil, o aumento da taxa de desemprego nos países sul-americanos, as políticas sanitárias rígidas com a pandemia e o pretexto “sanitário discriminatório” entre as fronteiras, levou milhares de haitianos a voltarem para o seu país sem novas perspectivas, ou a arriscarem a suas vidas entre as fronteiras.

Segundo o prefeito da cidade de Del Rio, Bruno Lozano, na fronteira entre os Estados Unidos e o México, milhares de migrantes estão se aglomerando deste o dia 15 de setembro em uma área controlada pela Alfândega e Patrulha de Fronteira (CBP) dos Estados Unidos sob a Ponte Internacional Del Rio. Para muitos dos haitianos que já residem nos Estados Unidos, a administração do presidente Joe Biden sinalizou um possível abrandamento da política de migração, e somando-se à crise econômica e à pandemia não controlada na América Central e do Sul, os migrantes haitianos passaram a buscar asilo nos Estados Unidos. Para o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, os fluxos migratórios “não vão parar” enquanto persistir a lacuna entre os países ricos e pobres, alertando o mundo durante a sua visita às Nações Unidas.

Migrantes haitianos sendo detidos barbaramente, com cavalos e chicotes, por oficiais de fronteiras dos Estados Unidos. Fonte: BBC News
Migrantes haitianos imploram por ajuda ao tentar cruzar as fronteiras entre o México e os Estados Unidos. Fonte: France 24

Lamentavelmente, a resposta política-migratória dos Estados Unidos foi fretar dezenas de voos de expulsão em massa com destino ao Haiti, sem a possibilidade destes migrantes solicitarem refúgio, além de levar famílias de migrantes que estavam nas fronteiras para centros de detenção. A ilusória ideia de que a administração do presidente Biden seria mais humana no que concerne a agenda das migrações, foi contrastada com imagens desumanas e bárbaras de guardas de fronteira dos EUA a cavalo, usando rédeas longas para chicotear migrantes negros no fim de semana, causando indignação entre ativistas e pesquisadores da área. Imagens como essa, escancaram o contínuo tratamento desumano herdado entre as administrações presidenciais e a disfunção política característica do sistema de imigração nos Estados Unidos

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10 Responses

  1. Надо принять за общее правило, что никогда или почти
    никогда ни одна республика, или королевство, не была хорошо устроена с самого начала или,
    уклонившись от древних порядков, не
    была заново целиком преобразована, если она не была
    устроена одним лицом; необходимо, чтобы один
    человек устанавливал порядок управления,
    и чтобы все государственное устройство
    зависело от разума этого человека.

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Camila Barros contato@migracoesemdebate.com
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