“Nos dias atuais, o Chile testemunha um crescimento significativo nos movimentos migratórios que moldam a complexa engenharia social do país. Impulsionados por diversos fatores, tais como oportunidades econômicas, busca por estabilidade política e qualidade de vida, indivíduos de diferentes origens geográficas tem se dirigido para o território chileno. Este fenômeno, por um lado, enriquece a diversidade cultural e contribui para a dinâmica social, mas, por outro, desafia as estruturas existentes e demanda respostas eficazes em termos de integração e inclusão.
Embora encontre apoio entre adeptos mais radicais ligados à extrema-direita, o discurso anti-imigração tem sido disseminado por setores progressistas, como no caso do presidente Boric, que recentemente expressou o desejo de estabelecer uma ordem de expulsão para os imigrantes em situação não regulamentada. Por outro lado, o prefeito da comuna da Flórida, em Santiago, Rodolfo Carter, de extrema-direita, defendeu em entrevista recente a Tomas Mosciatti a necessidade de endurecer as medidas para aqueles que cruzarem as fronteiras do país. Algumas das medidas propostas por Carter incluíam ordens aos soldados para atirar em crianças e mulheres migrantes, além da instalação de minas terrestres nas fronteiras, uma prática utilizada em 1974 durante os conflitos com o Peru.
O discurso de Carter encontra terreno propício para a disseminação da criminalização da migração. O ódio expresso contra os imigrantes, em sua maioria venezuelanos, ignora completamente o fato de que muitos deles estão impulsionados pelo desejo de se reunirem com seus familiares e ainda enfrentam impactos econômicos legados pela pandemia. Em meio à total falta de amparo, esses indivíduos enfrentam perigos que incluem exploração sexual e abuso por grupos criminosos. Muitos chegam com fome e problemas de saúde, sofrendo de desnutrição, desidratação e hipotermia. Apesar dessas adversidades, muitas autoridades políticas regionais adotam um tom degradante e violento em relação a essas populações vulneráveis, indo na contramão de qualquer esforço para humanizar a experiência migratória.”

*Texto Colaborativo escrito por Guilherme Borges da Silva, para o Projeto Texto Colaborativo com o Migrações em Debate, edição fevereiro de 2024.

Foto da Capa: Pressenza International Press Agency.

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