“Minha vida aqui é como uma prisão. O gerente disse: ‘Se você quer ficar no Catar, fique quieto e continue trabalhando’.

Estas foram as palavras de Deepak, um metalúrgico imigrante que esteve atuando nas obras de construção do Khalifa Stadium em Doha. Na medida em que um dos maiores eventos esportivos se aproxima; o mundo tem se deparado com relatos chocantes de pessoas migrantes como o Deepack, provenientes de Bangladesh, Índia e Nepal, que estão operando em reformas, construções e paisagismos das instalações esportivas para a Copa do Mundo sediada no Catar.

Com o anúncio em 2010 de que o Catar seria a sede da primeira Copa do Mundo no Oriente Médio, pessoas migrantes passaram a procurar trabalho no país como forma de escapar da pobreza em seus países de origem. No entanto, para conseguir um emprego, estas pessoas relataram à Anistia Internacional, terem pago altas taxas de até U$ 4.300 aos agentes de recrutamento. Com isso, além de estarem endividados, os migrantes relataram condições de vida precárias em acomodações apertadas, sujas e inseguras nas quais passaram a viver.

A Copa do Mundo das Violações aos Direitos dos trabalhadores migrantes? Foto: The Borgen Project

Os migrantes declararam serem submetidos a trabalho forçado, impossibilitando-os de mudar de emprego, ou sair do país. Diante disso, a Anistia Internacional especula que a FIFA, responsável por organizar os torneios; os seus patrocinadores e as empresas de construção civil das instalações esportivas; possam estar obtendo ganhos financeiros com o evento e com a mão de obra de pessoas migrantes. Calcula-se que, 1,7 milhões de migrantes trabalharam nas obras esportivas da Copa do Mundo do Catar, representando assim, 90% do total de mão de obra recrutada.

Diante de falsas promessas de salário e de vagas de trabalho, das dificuldades em comprar alimentos e enviar dinheiro para a família, e da apreensão de passaportes; acredita-se que desde 2010 mais de 6 mil trabalhadores imigrantes morreram no país. Apesar disso, organizações internacionais, líderes governamentais e empresas patrocinadoras do evento continuam em silêncio e omissas diante de mais um abuso com as pessoas migrantes.

Será esta a Copa do Mundo mais polêmica da história? Você pretende assistir os jogos? Conta para a gente nos comentários.

Fonte: Anistia Internacional, Campanha World Cup of Shame, disponível em: https://www.amnesty.org/en/latest/campaigns/2016/03/qatar-world-cup-of-shame/

Foto da capa: Bolg Anticap

*Texto escrito por Camila Santos Barros Moura, fundadora da comunidade virtual Migrações em Debate

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