O deslocamento humano é um dos temas mais marcantes na trajetória do Papa Francisco, como líder e porta-voz da Igreja Católica de Roma. Ao longo dos seus oito anos de pontificado, frequentemente os atos e as palavras de Francisco, em discursos, documentos oficias e entrevistas, se referem ao drama contemporâneo das migrações forçadas, das pessoas desalojadas e solicitantes de refúgio. Para a pesquisadora Carmen Lussi, a voz de Francisco sobre os refugiados e migrantes é um grito que se opõe a surdez do mundo e dos cristãos em relação a atual situação migratória.

Filho de imigrantes, Francisco em seu primeiro discurso histórico nas Nações Unidas em 2015, ecoou a sua voz em prol de uma reposta justa, humana e fraterna para os milhares de migrantes que se deslocavam diante dos conflitos e crises político-econômicas. No Congresso Americano, no mesmo ano, o Papa afirmou: “Vamos evitar uma tentação contemporânea, a de descartar tudo o que incomoda, inclusive as pessoas”; referindo-se às políticas migratórias estadunidenses de expulsão de imigrantes em situação irregular no país. Desde então, em suas visitas e pronunciamentos oficias, a temática das migrações encontra-se continuamente presente em seu pontificado.

Papa Francisco lava e beija os pés de refugiados. Fonte: G1

Abertura de abrigos e casas de acolhimentos para migrantes, doações de recursos humanitários para campos de refugiados e instituições que trabalham a frente da agenda, e encontros pessoais com refugiados no Vaticano e nos países em que visita; são algumas das atuações de Francisco. Nesta semana, em sua recente visita à Hungria, o Papa deixou claro ao premiê Viktor Órban o seu apoio à acolhida e integração de imigrantes como sinal de proximidade ao tema, apesar do histórico xenófobo do premiê da Hungria.

O interesse do Papa por esta temática, certamente vai além do seu posicionamento religioso; sendo extremante simbólica a sua visão, o seu posicionamento e entendimento não só sobre os migrantes, mas também sobre a vida em sociedade; que evidencia as pessoas em fuga, injustiçadas e vítimas de conflitos como sujeitos ativos da comunidade humana. Assim, o seu apelo ecoa no mundo e convoca todos a uma transformação profunda, “em saída pelas periferias do mundo”.

Abraço do Papa às crianças refugiadas em 2021. Fonte: Vatican-News

Foto da Capa: FIDES DIGITAL

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