O coronavírus e os seus desdobramentos no tráfico internacional de pessoas migrantes

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Camila Santos Barros Moura -
Março 31, 2021

A pandemia do coronavírus trouxe agravantes para a política e a economia mundial, exponencialmente para os países que já vivenciam historicamente situações vulneráveis em seus territórios nacionais. Países do Sul-Global estão passando por desacelerações econômicas e restrições de entrada e saída de pessoas, medidas estas intensificadas pela pandemia. Com isso, a entrada de migrantes em outros países pelas vias administrativas, como os postos oficiais de fronteiras e aeroportos, vem caindo nos últimos meses. Mas isto não indica que as pessoas em situação de refúgio ou de deslocamento forçado não estão a migrar.

Pessoas migrantes em todo o mundo estão sendo estigmatizadas ao tentar atravessar fronteiras, por serem vistos como “culpados” pela disseminação do vírus entre os países, tornando a sua travessia ainda mais perigosa. Neste último ano de pandemia, o mundo vem registrando um aumento no número de pessoas sem empregos e acesso à renda, e essa situação se agrava em países do sul-global em que os governos não possuem políticas públicas que beneficiam e/ou abreviam as dificuldades econômicas diante da pandemia.

Em diversos países do continente africano e sul americano, pessoas desempregadas encontram como única saída o deslocamento e a migração internacional para fugirem da crise econômica e de conflitos políticos. Para isso, coiotes, traficantes, contrabandistas, se aproveitam da vulnerabilidade dos migrantes para se mostrarem como a única alternativa possível para a travessia de fronteiras durante a pandemia. Em março de 2021, contrabandistas embarcaram 200 pessoas no mar entre o Chifre da África e a Península Arábica, e meia hora depois de saírem da costa, jogaram mais de 80 migrantes no mar, e acredita-se que pelo menos 20 deles tenham se afogado. Neste mesmo mês, a Turquia resgatou no mar migrantes sem coletes salva-vidas e de mãos algemadas, e acusou as autoridades gregas de terem algemado e lançado sete pessoas ao mar.

Estes incidentes têm se tornado comum, e nos faz refletir o valor insignificante e descartável que a sociedade internacional enxerga na vida e nos corpos das pessoas migrantes. Antes de serem migrantes, pessoas. Humanas.

Foto: The New York Times

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31 Responses

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