Nestes últimos dois anos, o novo coronavírus está evidenciando muitos desafios sociais e econômicos nos quais comunidades em situação de extrema vulnerabilidade estão inseridas. Antes da pandemia de COVID 19, a criança migrante em fase de alfabetização e desenvolvimento já vivenciava situações singulares na aprendizagem, como a dificuldade no domínio da língua estrangeira na sala de aula, a quebra de ciclos familiares e de amizades, a necessidade de trabalhar para aumentar a renda familiar e as mudanças culturais.

Ser uma criança migrante neste contexto de pandemia, intensifica os obstáculos já enfrentados por este grupo historicamente invisibilizado. A dificuldade de acesso a uma renda mensal contínua devido ao atual momento de crise político-econômica, contribuem para a insegurança alimentar, a falta de acesso à internet, a dificuldade de dar continuidade aos estudos e as incertezas sobre o futuro de milhares de crianças migrantes pelo mundo. A Agência para Refugiados das Nações Unidas (ACNUR), chama a atenção para a queda nos níveis de acesso à educação de crianças migrantes durante a pandemia de covid-19. De acordo com os dados coletados pela ACNUR, entre os anos de 2019 e 2020, 40 países registraram uma taxa bruta de matrícula escolar de apenas 34% para jovens refugiados no nível secundário.

Foto: The World Economic Forum

Este dado preocupante, escancara para o mundo a necessidade de um esforço internacional que assegure o acesso à educação para as crianças e jovens em situação de refúgio em todo mundo. Em termos educacionais, a COVID 19 tem sido prejudicial para o desenvolvimento cognitivo e social de todas as crianças, porém, a exclusão digital vivenciada pelas crianças e jovens migrantes, os colocam à margem do acesso a uma educação digna e de novas perspectivas de vida.

Longe das salas de aula por quase dois anos, e com o distanciamento social; as crianças migrantes não tiveram outra forma de ter acesso à educação neste período, pois muitas famílias não tinham um smartphone ou computador em casa. Diversas gerações de crianças e jovens migrantes sem acesso à educação podem trazer consequências catastróficas para o mundo. E depois de tudo que estas crianças migrantes já passaram em suas fugas e travessias, não podemos roubar o futuro negando-lhes educação.

Post em alusão ao Dia Internacional dos Direitos das Crianças – 20 de novembro.

Foto da capa: ACNUR

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