Qual é a relação entre a COP26 e as migrações contemporâneas?

Em 2020, mais de 30,7 milhões (ONU, 2020) de novos deslocamentos humanos foram registrados devido a desastres relacionados ao clima. Não é mais possível desassociar as mudanças climáticas da mobilidade humana contemporânea, tendo em vista que, parte significativa das migrações no mundo são consequência dos recorrentes desastres ambientais. Assim, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), representa um momento político fundamental para os Estados, de por fim, pactuarem sobre a relação entre o deslocamento humano e o clima.

A crise climática, termo já utilizado por cientistas ambientais em todo o mundo, está deslocando as pessoas de suas casas e comunidades em áreas no qual secas e inundações estão se tornando severas e frequentes. A COP26 representa a oportunidade de dar visibilidade a migração climática e avançar nas discussões sobre este fenômeno complexo. Assim, a alerta de cientistas e ativistas ambientais é por uma ação global conjunta, rápida e ambiciosa que reduza as emissões de carbono e aumente os investimentos para áreas impactadas pelo aquecimento global.

Andrew Harper, Conselheiro Especial do ACNUR para Ação Climática, destacou durante a COP26 que 90% dos refugiados sob o mandato do ACNUR são de países que estão na linha de frente da emergência climática ​​. A atual crise climática tem sem dúvidas um custo humano não apenas para as futuras gerações; de acordo com os últimos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) a degradação climática já está a impactar a vida de 3,2 bilhões de pessoas ao redor do planeta.

Apesar das promessas feitas na Cúpula do Clima, o mundo ainda está longe de limitar o aumento da temperatura global. Segundo a Climate Action Tracker (CAT), as promessas pactuadas até agora pela COP26, que será finalizada amanhã, levam o planeta a um alarmante aquecimento de até 2,4 graus até o final deste século. Este aumento seria capaz impactar 1 bilhão de pessoas com o intenso calor e umidade, e como expôs a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, não ter vontade política para mudar esta realidade é colocar uma sentença de morte aos países mais vulneráveis no mundo.  

Foto da capa: Eco Watch