A Declaração Universal de Direitos Humanos assegura o acesso à alimentação adequada como uma necessidade humana e contínua; através da aquisição física e econômica de todas as pessoas aos recursos e aos alimentos. Para o pensador e ativista político Josué de Castro (1967), a fome e a miséria são frutos de diversos processos de explorações econômicas; logo, efetivar o direito à alimentação exige não só medidas que amenizem a fome, mas sim um conjunto de direitos sociais. Desse modo, a fome e a insegurança alimentar podem estar relacionadas a um conjunto de fatores emergentes como conflitos armados, mudanças climáticas, ocupações predatórias do solo e deslocamentos humanos.

Foto 1: Council on Foreign Relations / Foto 2: The Guardian


A COVID 19 emerge diante da fome endêmica preexistente em diversas localidades pelo mundo, acentuando a insegurança alimentar em sociedades nas quais as pessoas não têm mais acesso a quantidades suficientes de nutrientes e comidas. Além da pandemia, as crises socioeconômicas e os recentes conflitos globais; agregados à falta de acesso à comida e nutrição adequada, continuam a motivar centenas de pessoas a se deslocarem diariamente.


Mesmo após a travessia, os migrantes ainda convivem com a insegurança alimentar em campos e em centros de detenções de migrantes. Apesar de um vasto número de programas humanitários de doação de alimentos; a fome, a perda de peso, a obesidade e o déficit de nutrientes ainda são questões preocupantes nestes locais. Estes problemas podem ser acentuados quando as políticas dos países restringem o acesso dos migrantes ao trabalho, dificultando assim a possibilidade de renda e de acesso a alimentos saudáveis.


Cada vez mais, as pessoas migrantes estão apresentando casos de deficiência de ferro e vitamina D, aumento de taxas de colesterol e de crescimento tardio das crianças refugiadas; vinculados à falta de conhecimento e à pressão da publicidade ocidental para o consumo de alimentos ultra processados. A falta de acesso à renda e de uma educação nutricional, resultam em uma grave insegurança alimentar em campos e centros de refugiados; e esta agenda precisa estar inserida nas políticas migratórias e de saúde pública globais.

96 Responses

Deixe um comentário

“Por um mundo onde se possa viver sem fugir.”
Arquivos
Migrações em Debate

O Migrações em Debate é uma comunidade e espaço de construção de conhecimentos e diálogo sobre as temáticas de migrações e refúgio.

Brasil
Camila Barros contato@migracoesemdebate.com
“Por um mundo onde se possa viver sem fugir.”
Arquivos
Categorias