Texto Colaborativo: “Sem fronteiras: Saúde Mental e Refugiados; por Vitória Martins e Mayara Gomes.

A emergência humanitária envolvendo o deslocamento forçado não é uma novidade, contudo está ganhando mais visibilidade em decorrência dos atuais conflitos armados. Conforme o Relatório de Tendências Globais (2021) produzido pela Agência para Refugiados (ACNUR) 82,4 milhões de pessoas se deslocaram forçadamente, em decorrência de conflitos armados, questões políticas e violações de direitos. O ACNUR apontou que população síria compõe a maioria dos refugiados, enquanto que na Ucrânia, 4 milhões de pessoas tiveram que deixar o país. Diante destas questões; o indivíduo depara-se com a imprevisibilidade de um futuro, e isso poderá acarretar prejuízos a sua saúde física e mental.

Além do sofrimento emocional ocasionado pelo deslocamento forçado, há o processo de luto pelas quais as pessoas refugiadas irão passar, um luto subjetivo que será marcado por perdas, em sua maioria simbólicas, como a perda da língua materna, identidade, grupo social e cultura. Esses sujeitos deixam seus lares e suas vidas, em busca de recomeço e segurança; por isso, deve desenvolver-se estratégias que deem visibilidade a essa população e assegure os seus direitos. Além disso, no momento da integração, é preciso considerar que o sujeito ainda está fragilizado pelas experiências vividas no seu processo de fuga, portanto, sua subjetividade deve ser considerada principalmente no que diz respeito ao sentimento de desamparo (INSTITUTO ADUS, 2016).

O sofrimento emocional nas pessoas refugiadas, também é perceptível em crianças e adolescentes (BEZERRA, et. al, 2019), o exílio pode afetar a saúde mental do sujeito que migra de forma involuntária, apresentando esses fatores como risco para o desenvolvimento de um sofrimento psicológico (MARTINS-BORGES, 2013). Consta-se também, as vulnerabilidades destas pessoas quanto ao acesso a programas, serviços e ao sistema de saúde no país de acolhida, pondo em evidência as profundas desigualdades que incidem nesse grupo (LIMA, 2021). Portanto, é importante que se abram espaços de diálogo e reflexões sobre esta temática, a fim de propiciar uma inclusão e melhor assistência e integração desse grupo, visando uma atenção a todas as esferas, inclusive a emocional.

Foto da Capa: CBC News

*Texto Colaborativo escrito pelas psicólogas Vitória Martins (CRP:22/03975) e Mayara Gomes (CRP: 22/003963) para o Projeto Texto Colaborativo com o Migrações em Debate, edição fevereiro de 2023.